O sinal de alerta principal é a perda de controle. Se você sente uma necessidade de jogar cada vez maior, continua apostando apesar das consequências negativas e o jogo está afetando sua rotina, finanças ou relacionamentos, é provável que o hábito tenha se tornado um vício em jogos ou transtorno do jogo.
Como Reconhecer Vício em Jogos e Onde Buscar Ajuda?
Apostar online pode ser entretenimento. Quando o jogo vira problema, o impacto na vida é severo. A Lei 14.790/2023 (baseada na Lei 13.756/2018) ampliou o acesso às plataformas de cassinos online. Com isso, cresce a necessidade de jogo responsável e de cuidado em saúde. A CID-11 é conhecida reconhece o Transtorno do Jogo de Apostas (6C50). A OMS também classifica o Transtorno de Jogos Eletrônicos (6C51). Como Reconhecer Vício em Jogos é o foco deste guia: sinais, sintomas e caminhos de ajuda.
Conteúdo do artigo: Como Reconhecer Vício em Jogos
- Principais Sintomas do Vício em Jogos: Sinais de Alerta da Compulsão
- As Causas do Jogo Patológico: Por que a Dependência em Jogos Acontece?
- Como saber se alguém que você ama tem um problema com jogos de azar?
- Como lidar com um problema de jogo
- Onde Encontrar Tratamento e Clínicas de Apoio no Brasil
- Apoio da Família: Como ajudar alguém com problema de jogo
- Conclusão
- Perguntas Frequentes (FAQ) sobre o Transtorno do Jogo
Principais Sintomas do Vício em Jogos: Sinais de Alerta da Compulsão
O transtorno do jogo, também chamado de jogo patológico, manifesta-se através de um comportamento compulsivo e consequências negativas na vida do indivíduo. Os sinais mais comuns a que você deve estar atento incluem:
Dificuldade em parar de jogar, apostando valores mais altos ou por cada vez mais tempo do que o planejado, em apostas esportivas ou cassino online.
Uma característica central da compulsão por jogos, onde o jogador tenta recuperar perdas com mais apostas, criando um ciclo perigoso.
O vício faz com que o jogo passe a ser a prioridade, o que pode prejudicar o trabalho, os estudos e levar ao isolamento social, afetando relacionamentos e saúde.
O impacto financeiro é um sinal de alerta claro, incluindo dívidas inexplicáveis, empréstimos e venda de bens para sustentar a necessidade de jogar.
O viciado em jogos de azar tende a mentir sobre o tempo e dinheiro gastos para esconder a dimensão do problema de familiares e amigos.
O vício em jogos está frequentemente ligado a outros transtornos mentais. Sintomas como ansiedade e depressão podem ser agravados, e em casos mais graves, levar a pensamentos suicidas.
As Causas do Jogo Patológico: Por que a Dependência em Jogos Acontece?
Ninguém escolhe se tornar um jogador patológico. Este distúrbio se desenvolve a partir de uma combinação de fatores:
- O Cérebro e a Recompensa: As apostas ativam circuitos de prazer, reforçando o comportamento compulsivo.
- Acesso Facilitado e Cenário Brasileiro: Segundo o LENAD 2022, 25,9% dos brasileiros já apostaram alguma vez; o Ministério da Saúde projeta aumento da demanda por atendimento por Transtorno do Jogo na RAPS até 2028.
- Vulnerabilidades Pessoais: O transtorno do jogo pode ser uma válvula de escape para quem já lida com estresse, depressão ou ansiedade. A presença de outros transtornos é um fator de risco.
Dados no Brasil: o LENAD 2022 indica que 25,9% dos brasileiros já apostaram alguma vez (Caderno Jogos de Aposta). O Ministério da Saúde projeta aumento da demanda por atendimento na RAPS até 2028 (Relatório executivo: visualizar | download).
Como saber se alguém que você ama tem um problema com jogos de azar?
Problemas com jogos de azar nem sempre são evidentes no começo. Muitas pessoas ocultam o comportamento e evitam falar sobre perdas ou tempo gasto jogando. Fique atento a padrões:
- Pedir dinheiro com frequência sem explicar claramente o motivo; “empréstimos” que viram rotina.
- Reservas sobre finanças e tempo online: apagar históricos, mudar senhas, evitar conversar sobre gastos.
- Promessas repetidas de parar e recaídas logo depois (“só mais essa aposta”).
- Mudanças de humor e rotina: irritabilidade, ansiedade, viradas de noite, queda de rendimento em trabalho/estudos.
- Isolamento e cancelamento de compromissos para ficar sozinho jogando.
- Sinais financeiros: contas atrasadas, uso de limite/cheque especial, novas dívidas ou venda de bens.
- Perseguir perdas (“vou recuperar o que perdi”), aumentando valores e frequência das apostas.
Como lidar com um problema de jogo
Problemas com jogos de azar são desafiadores, mas há saída. Com passos práticos e apoio certo, é possível retomar o controle.
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Admita o problema e peça ajuda
Reconhecer que o jogo saiu do controle é um ato de coragem, fale com alguém de confiança e, se necessário, busque apoio imediato no CVV 188.
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Defina limites claros (tempo e dinheiro)
Estabeleça teto de depósito e tempo por sessão; use alarmes. Nos sites/apps, ative:
- Limite de depósito diário/semanal
- Tempo de sessão
- Pausa temporária (24h/7/30 dias)
- Autoexclusão por período definido
Esses recursos integram as diretrizes de Jogo Responsável no Brasil (Portaria SPA/MF nº 1.231/2024)
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Use autoexclusão e ferramentas de bloqueio
Acione a autoexclusão na sua conta para bloquear o acesso por um período (ou definitivo). Considere bloqueadores de sites/apps para reduzir gatilhos. Dica: peça a alguém de confiança para guardar senhas ou ativar controles parentais enquanto você se organiza.
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Busque atendimento na rede pública (SUS)
A porta de entrada é a UBS ou um CAPS (inclui CAPS AD). A RAPS acolhe casos de Transtorno do Jogo (avaliação, cuidado psicossocial e, quando necessário, psiquiatria).
- CAPS: Ministério da Saúde
- Meu SUS Digital (localizar serviços)
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Encontre alternativas
Tente se concentrar em hobbies que você negligenciou anteriormente, como esportes, música, desenho ou leitura. Envolva-se em atividades que apoiem o desenvolvimento pessoal e construam hábitos positivos. Você também pode tentar algo novo – por exemplo, comece a meditar ou inscreva-se em um curso que sempre lhe interessou. Quanto mais atividades significativas você encontrar, menos será tentado a voltar ao jogo.
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Procure grupos e serviços especializados
- Jogadores Anônimos (JA): reuniões presenciais e online, gratuitas e anônimas. jogadoresanonimos.com.br/ | Reuniões online: grupojaonline.com.br/
- Programas de referência (São Paulo): PRO-AMJO (Jogo Patológico) – IPq-HCFMUSP PRO-AMITI (Transtornos do Impulso) – IPq-HCFMUSP Info geral IPq: ipqhc.org.br/saude/ambulatorios-e-servicos/ambulatorios/ | PRO-AMITI: www.proamiti.com.br/
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Organize finanças e reduza gatilhos
- Desinstale apps de aposta e limite meios de pagamento usados para jogar.
- Se possível, combine co-gestão financeira temporária (um familiar ajuda a supervisionar gastos essenciais).
- Evite ficar sozinho em horários de gatilho (noite/tarde livre); combine atividades com amigos/família.
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Substitua o hábito por rotinas com propósito
Reative hobbies (exercícios, música, leitura, cursos curtos), estabeleça horários fixos de sono e metas semanais simples. Quanto mais a agenda fica preenchida e previsível, menor a chance de recaída.
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Tenha um plano para lapsos
Lapse não é fracasso. Se acontecer, interrompa imediatamente, revise seus gatilhos, re-ative a autoexclusão e procure sua rede (UBS/CAPS, terapeuta, grupo JA). Reforçar o plano cedo evita que um episódio vire recaída prolongada.
Onde Encontrar Tratamento e Clínicas de Apoio no Brasil
Existem diversas opções para um diagnóstico correto e tratamento eficaz:
- SUS (Sistema Único de Saúde): Procure a UBS ou um CAPS (incluindo CAPS AD). A rede pública acolhe casos de transtorno do jogo e pode oferecer atendimento psiquiátrico e terapêutico.
- Clínicas Especializadas e Psiquiatras: Instituições como o PRO-AMJO e o PRO-AMITI do IPq-HCFMUSP são referência. Profissionais de psiquiatria podem diagnosticar e tratar a compulsão.
- Jogadores Anônimos (JA): Grupos de apoio gratuitos que ajudam milhares de pessoas a se manterem longe do primeiro jogo.
- Apoio Emocional 24h (CVV 188): Para momentos de crise, oferece escuta anônima e sigilosa.
Apoio da Família: Como ajudar alguém com problema de jogo
Aborde com calma e empatia, sempre a partir de fatos observáveis, não de acusações. Use frases do tipo: “Eu notei [X] e fiquei preocupado(a) porque [impacto]; podemos dar um passo juntos(as)?”. Ofereça ajuda prática: acompanhar a pessoa à UBS/CAPS, entrar numa reunião online dos Jogadores Anônimos, ou ajudar a ativar limites/pausa/autoexclusão na conta de apostas. Combine um primeiro passo concreto (dia/horário/local) e se disponha a estar junto nesse início.
Mantenha limites claros para proteger você e a relação: não empreste dinheiro para apostar, não encubra faltas; em vez disso, ofereça apoio útil (organizar orçamento, revisar metas semanais). Evite discussões no calor do momento e não use rótulos (“viciado(a)”). Se houver risco iminente (desespero, fala de autoagressão), ligue 188 (CVV) e procure UBS/CAPS/UPA imediatamente.
Conclusão
A dependência em jogos é um problema de saúde sério que pode comprometer todas as áreas da vida do indivíduo. No entanto, é um transtorno tratável. Com ajuda profissional, o apoio de familiares e amigos e as ferramentas certas, é totalmente possível parar de jogar de forma compulsiva e retomar o controle da vida. Não hesite em buscar ajuda.
Perguntas Frequentes (FAQ) sobre o Transtorno do Jogo
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1️⃣ Como sei se meu hábito de jogar virou um vício?
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2️⃣ Jogar por diversão é diferente de ter um problema?
Sim. No jogo recreativo, a pessoa tem total controle sobre o tempo e o dinheiro que gasta, e a atividade não causa prejuízos. O problema de saúde começa quando o comportamento se torna compulsivo e o indivíduo não consegue parar, mesmo querendo. Isso é característico do jogo patológico.
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3️⃣ O que são as ferramentas de “Jogo Responsável”?
São recursos que os sites de apostas esportivas, bets e cassino online são obrigados a oferecer pela legislação brasileira (Portaria SPA/MF nº 1.231/2024). Elas incluem limites de depósito, limites de tempo, pausas temporárias e autoexclusão, criadas para ajudar o jogador a manter o controle.
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4️⃣ O tratamento para vício em jogo é gratuito no Brasil?
Sim. O tratamento é oferecido gratuitamente pelo SUS, através das UBS e dos CAPS, onde o paciente pode receber um diagnóstico e cuidados de equipes multidisciplinares, incluindo apoio psiquiátrico. Além disso, existem grupos como Jogadores Anônimos (JA), que são gratuitos e um pilar importante para a recuperação, junto com o apoio da família.
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5️⃣ Tive uma recaída. E agora?
Pare imediatamente, não tente recuperar perdas, reative autoexclusão/limites, avise alguém de confiança e busque UBS/CAPS ou JA; em crise, CVV 188.